Após 11 anos de Ayotzinapa, persistem as obrigações de busca, verdade e justiça: CIDH

26 de setembro de 2025

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Washington, DC—Após 11 anos do desaparecimento dos 43 estudantes de Ayotzinapa, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) reafirma seu compromisso e solidariedade com as famílias. Também chama o Estado mexicano a garantir um diálogo consistente e transparente com as famílias e a redobrar seus esforços na determinação do destino ou paradeiro dos estudantes e na sanção dos responsáveis.

A medida cautelar 409/14, emitida pela CIDH em 3 de outubro de 2014, continua vigente. Nessa resolução, a Comissão solicitou ao Estado que determine o destino ou paradeiro dos 43 estudantes da Escola Normal Rural “Raúl Isidro Burgos” de Ayotzinapa, Guerreiro, desaparecidos entre os dias 26 e 27 de setembro de 2014. Também requereu que se prestasse a devida atenção aos estudantes sobreviventes dos violentos ataques daquela noite. Desde então, a CIDH acompanhou ativamente as famílias e o Estado nas diversas inciativas promovidas para a garantia da verdade, justiça e reparação integral.

Em seu último relatório, a Comissão Presidencial para a Verdade e o Acesso à Justiça do caso Ayotzinapa (COVAJ) alertou para o possível envolvimento do crime organizado, das polícias, militares e de outras autoridades estatais no desaparecimento dos normalistas. Apesar disso, 11 anos depois, o Estado não consegue esclarecer as circunstâncias do desaparecimento e as famílias continuam sem saber o que aconteceu com os seus entes queridos.

Nos últimos anos, as vítimas e seus representantes mostraram preocupação pela falta de efetividade dos espaços de diálogo; a percepção de obstáculos no acesso à justiça, manifestada na concessão supostamente irregular de benefícios processuais a militares; e a persistência da negativa em se entregar documentação que se encontraria sob custódia da Secretaria da Defesa Nacional. As famílias também manifestaram receio ao retorno da “verdade histórica” e questionamentos das autoridades em relação aos seus representantes legais e órgãos de direitos humanos que ativaram mecanismos internacionais para atender o caso, que é motivo de especial preocupação para a Comissão.

Por sua vez, o Estado observou que mantém ativas as operações de busca e que redobrou os esforços com mais recursos; que as investigações quanto à participação de militares no desaparecimento continuam em curso; e que os benefícios processuais concedidos indevidamente, de acordo com a Promotoria Especial, estão sendo objeto de litígio. Em suas observações, o Estado informou sobre a promoção de uma mudança na metodologia utilizada para a análise, valoração e corroboração das informações, para estruturar uma investigação com base em provas técnicas e científicas. Também esteve à altura dos seus desafios em matéria de extradição de pessoas implicadas no caso, e que se encontram em outros países, bem como de ações de coleta de informações com pessoas presas através da negociação de benefícios processuais previstos na lei.

As informações públicas apontam para novos esforços positivos. Em especial, a CIDH ressalta que a Presidenta Claudia Sheimbaun retomou o diálogo direito com as famílias, reafirmando seu compromisso de chegar ao esclarecimento dos fatos e de obter verdade e justiça, anunciando publicamente novas linhas de investigação, resultado do trabalho coordenado da Promotoria, do Gabinete de Segurança e do Sistema Nacional de Inteligência. Além disso, são reconhecidas as mensagens públicas do Poder Executivo que manifestam o compromisso com a abertura dos arquivos do Exército e com a punição dos culpados. Nesse sentido, a CIDH destaca o anúncio recente sobre a abertura do Estado para o envolvimento de pessoas especialistas que contribuam para as tarefas de investigação e judicialização da Promotoria.

Em acréscimo, a Comissão teve conhecimento sobre uma mudança na Promotoria Especial para o caso Ayotzinapa. Em um contexto no qual o diálogo com a Promotoria Especial era uma preocupação identificada pela CIDH, tal mudança deve vir acompanhada da determinação de uma estratégia clara para o desenvolvimento de diligências e o fortalecimento do acervo probatório, celeridade nas judicializações, robustecimento dos processos existentes e, sobretudo, a recuperação da centralidade das vítimas.

A Comissão ratifica seu compromisso com as famílias dos 43 estudantes de Ayotzinapa e ressalta sua luta digna pela verdade e pela justiça, que tem se mantido incólume por 11 anos. A CIDH lamenta que no último ano o pai do normalista Luis Ángel Abarca, o senhor Donato Abarca Beltrán, tenha falecido sem conhecer a verdade sobre o desaparecimento do seu filho.

A CIDH é um órgão principal e autônomo da Organização dos Estados Americanos (OEA), cujo mandato deriva da Carta da OEA e da Convenção Americana de Direitos Humanos. A Comissão Interamericana está mandatada para promover a observância dos direitos humanos na região e atuar como órgão consultivo da OEA sobre o assunto. A CIDH é composta por sete membros independentes, eleitos pela Assembleia Geral da OEA em caráter pessoal, e não representam seus países de origem ou residência.

No. 196/25

9:00 AM